Falta de água prolongada

 

O conceito de balanço hídrico avalia o solo como um reservatório fixo, no qual a água armazenada até o máximo da capacidade de campo do solo só será removida pela ação das plantas. O Balanço Hídrico Climatológico é obtido pela diferença dos dados médios de precipitação e evapotranspiração potencial ETP de uma região. Esse fator é um indicador climatológico da disponibilidade hídrica, sendo possível determinar os períodos com deficiências e excedentes hídricos ao longo de um ano médio. 

 

Balanço Hídrico Climatológico de Bacia Metropolitana, Acaraú e Salgado

 

 

Precipitação média anualde long período (mm)

Precipitação média anual último período de seca 2012 - 2015 (mm) 

Evapotranspiração Potencial (mm) Déficit Hídrico (mm) 
Bacia Metropolitana 942,6 690,45 1.735  945,69
Bacia Acaraú 845,55 507,66 1.887 1.173,54
Bacia Salgado 881,6 649,51 1.904 1.128,36

Fonte: Ifuncem (2016); Hargreaves (1973); Acquatool Consultoria (2016)

 

Nos meses de março e abril não há ocorrência de déficit hídrico em nenhum município da ba-cia RMF e da bacia do rio Acaraú. Em na bacia do rio Salgado esse período tem os menores déficits hídricos. As figuras abaixo apresentam o Déficit Hídrico mensal nos municípios de Fortaleza (região litorânea), Choró (região sul) e Guaramiranga (região montanhosa) e ainda o déficit hídrico médio na bacia; o Déficit Hídrico mensal nos municípios de Acaraú (região litorânea), Sobral (região central), Tamboril (região sul), Meruoca (região montanhosa) e ainda o déficit hídrico médio na bacia (médio); e o Déficit Hídrico mensal nos municípios de Juazeiro do Norte (Principal Polo Econômi-co/Porção Centro-Oeste), Penaforte Porção mais ao sul da bacia), Icó (Porção mais ao norte) e ainda o déficit hídrico médio na bacia. 

 

Déficit hídrico (mm) médio mensal

 

 Municípios de Fortaleza, Guaramiranga e Choró   Municípios de Acaraú, Meruoca, Sobral e Tamboril Municípios de Juazeiro do Norte, Icó e Penaforte 
   


 
Fonte: ACQUATOOL CONSULTORIA, 2016

 

Perfil da seca nas Bacias Hidrográficas

 

  • Na bacia da Região Metropolitana de Fortaleza tem uma alta variabilidade espacial ao longo da bacia onde, nos municípios mais litorâneos como Fortaleza e Aquiraz e nos municípios que fazem parte da serra de Guaramiranga há uma pluviometria média elevada, acima dos 1.300 mm, enquanto que nas áreas localizadas mais ao sul e ao leste a pluviometria média decresce chegando a valores próximos aos 750 mm anuais. 
  • Na bacia do rio Acaraú tem uma alta variabilidade espacial ao longo da bacia onde, no litoral, na serra da Meruoca e na serra da Ibiapaba, há uma pluviometria média elevada, acima dos 1.000 mm, enquanto que nas áreas localizadas mais ao sul e ao leste a pluviometria média decresce chegando a valores próximos aos 600 mm anuais. 
  • Na bacia do Salgado tem outro período com precipitações importantes na região é a pré-estação chuvosa que ocorre entre os períodos de novembro a janeiro. Estas chuvas são provocadas pela instabilidade atmosférica gerada pela presença de frentes frias localizadas no setor centro-sul do Nordeste, favorecendo a formação da atividade convectiva. Nota-se também certa variabilidade espacial ao longo da bacia onde, na porção centro-oeste da bacia, região conhecida como Crajubar percebe-se pluviometria média próxima aos 1.000 mm, enquanto que nas áreas localizadas mais ao sul, nos municípios de Penaforte e Jati, a pluviometria média decresce chegando a valores inferiores aos 700 mm anuais. 

Pluviometria média das Bacias Hidrográficas Metropolitanas

Pluviometria média da Bacia Hidrográfica do rio Acaraú


Pluviometria média da Bacia Hidrográfica do rio Salgado


 Fonte: Aquino Consultoria

 

Um dos grandes fatores das fortes secas é o fenômeno climático El Niño – Oscilação Sul (ENOS) que provoca grandes enchentes na região Sul-Sudeste, e torna mais severa as secas na região semiárida do Nordeste. Assim, os desastres naturais vinculados a estes fenômenos no Estado de Ceará ocorrem com freqüência e causam diversos transtornos à população. Cabe destacar que as secas e estiagens não são necessariamente conseqüências somente de índices pluviais abaixo do normal ou de teores de umidade de solos e ar deficitários, existem fatores antrópicos que podem acarretar ou acelerar este processo, como o manejo inadequado dos corpos hídricos. 15 municípios da Bacia Metropolitana se encontram em Situação de Emergência decretada e reconhecida vigente; 16 municípios dos 27 municípios da bacia do Acaraú se encontram em Situação de Emergência decretada e reconhecida vigente; e 12 municípios bacia do Salgado se encontram em Situação de Emergência decretada e reconhecida vigente.

 

Situação de Emergência dos Municípios das bacias Metropolitanas (2016)

Situação de Emergência dos Municípios da bacia do Acaraú (2016)

Situação de Emergência dos Municípios da bacia do Salgado (2016)

 Fonte: Aquino Consultoria

 

Disponibilidade de Águas Subterrâneas

 

  • Nas bacias metropolitanas foram identificados 6.036 poços instalados na região, onde 6 são classificados como fontes naturais, 59 como poços amazonas e, a imensa maioria, 6.033, como poços tubulares profundos.  
  • As águas subterrâneas na bacia do Acaraú estão localizadas em três principais Aquíferos o Aluvionar, o Sedimentar e Fissural, os aqüíferos Aluvionares e Sedimentares. Foram identificados 2.714 poços instalados na bacia, onde 7 são classificados como fontes naturais, 149 como poços amazonas e, a imensa maioria, 2.558, como poços tubulares profundos. 
  • Na bacia do Salgado está inserido a maior reserva subterrânea do Estado do Ceará, Aquíferos da Bacia Sedimentar do Araripe. Foram identificados 2.587 poços instalados na bacia hidrográfica do rio Salgado, onde 251 são classificados como fontes naturais, 23 como poços amazonas e, a imensa maioria, 2.313, como poços tubulares profundos. 

 


Disponibilidade de Águas Superficial

 

  • Na região hidrográfica das bacias metropolitanas existem 20 reservatórios monitorados pela COGERH, perfazendo 1.371hm³ de capacidade de armazenamento na bacia. Quatro destes reservatórios representam o 70% da capacidade total de acumulação na bacia, são eles o sistema Pacoti/Riachão com capacidade de 426hm³, o açude Pacajus, com capacidade de 232hm³, o açude Aracoiaba, com capacidade de 162hm³ e o açude Pompeu Sombrio, com capacidade de 143hm³. A região metropolitana conta com dois sistemas de transposição das águas provenientes da bacia do rio Jaguaribe, que ajudam a fortalecer a oferta de água na capital e região metropolitana.
  • A Bacia do Acaraú possui um total de 1.902 reservatórios, destes. Apenas 15 reservatórios podem ser considerados de porte como serem monitorados pela COGERH, sendo os únicos utilizados pelo órgão para o cálculo da capacidade de acumulação na bacia, atualmente estimada em 1.721hm³. Dos reservatórios monitorados, três representam 83% da capacidade total de acumulação na bacia, são eles o açude Araras que barra o próprio rio Acaraú, com capacidade de 859hm³, o açude Taquara, implantado no tributário denominado Jaibaras, com capacidade de 320hm³ e o açude Edson Queiroz, implantado no tributário denominado Groairas, com capacidade de 254hm³.
  • A COGERH monitora atualmente 15 reservatórios em na Bacia do Salgado, sendo os únicos utilizados pelo órgão para o cálculo da capacidade de acumulação superficial na bacia, atualmente estimada em 488,01hm³. Em ordem de importância temos o reservatório Atalho (município de Brejo Santo), com capacidade de acumular 108,25hm³; o Reservatório Lima Campos tem uma capacidade de 66,38hm³. Além destes, outros 7 reservatórios possuem capacidade similar, próximo aos 30hm³.

 

Demanda Hídrica

 

As demandas concentradas são aquelas onde prevalecem os grandes usuários urbanos rurais, em sua maioria demandas humanas (classificadas como demandas urbanas e demandas rurais, de acordo com a distribuição territorial do contingente populacional), industriais e de irrigação.

A demanda hídrica humana representa o 67% da demanda total de água nas bacias Metropolitanas. A demanda de irrigação representa o 84% da demanda total de água na bacia do rio Acaraú. Na bacia do Salgado a demanda de irrigação representa o 49% da demanda total e a de-manda humana representa o 47%.

 

Demanda de água anual por tipo de uso

 

 Bacias metropolitanas  Bacia do rio Acaraú  Bacia do rio Salgado
 

 

 

  Fonte: Aquino Consultoria

 

Balanço Oferta e Demanda

 

  • Na Bacia Metropolitana, estimou-se a demanda de água total na bacia em 22,99 m³/s o equivalente a 725,14 hm³ anuais. Com relação à disponibilidade hídrica estimou-se em 21,25 m³/s, considerando uma garantia de 90% no caso das águas superficiais. Contrapondo-se os valores de oferta e de demanda, nas bacias metropolitanas, obteve-se um valor deficitário de 1,74 m³/s ou aproximadamente 55 hm³ anuais. Assim cabe destacar que a região hidrográfica das bacias metropolitanas não seria auto-suficiente, mesmo em condições ótimas, considerando o total aproveitamento das águas disponíveis e anos normais de precipitação. 
  • Na Bacia Acaraú, estimou-se a demanda de água total na bacia em 11,69 m³/s o equivalente a 364 hm³ anuais. Com relação à disponibilidade hídrica estimou-se em 15,82 m³/s, considerando uma garantia de 90% no caso das águas superficiais, que representam 95% da oferta total na bacia. Contrapondo-se os valores de oferta e de demanda, na bacia do Acaraú, obteve-se um valor superavitário de 4,13 m³/s ou aproximadamente 130 hm³ anuais.
  • Para a Bacia Salgado, estimou-se a demanda de água total na bacia em 3,53 m³/s o equivalente a 111,33 hm³ anuais. Com relação à disponibilidade hídrica estimou-se em 4,96 m³/s, considerando uma garantia de 90% no caso das águas superficiais. Nota-se grande importância das águas subterrâneas na bacia do Salgado que representam 49% da oferta de água disponível. Contrapondo-se os valores de oferta e de demanda, na bacia do Salgado, obteve-se um valor superavitário de 1,43 m³/s ou aproximadamente 45,65 hm³ anuais.

 

Oferta contra Demanda de água nas diferentes bacias (hm3 / ano)

 Fonte:  Aquatools