Disposição inadequada de resíduos sólidos

950.000 pessoas estão sem atendimento de coleta de resíduos sólidos no âmbito de estudo, resultando em 1,2 milhões de toneladas de lixo sendo jogada no ambiente todos os anos. O custo ambiental disso estima-se situado entorno a R$ 120 milhões anuais.

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O crescente consumo de diversos produtos vem acelerando a geração de resíduos sólidos. O resíduo sólido contém substâncias perigosas como metais pesados que quando dispostos de maneira inadequada pode acarretar em diversos danos ao meio ambiente. A geração de crescentes volumes de resíduos, em combinação com sua complexa composição, implica em dificuldades para seu trata-mento adequado. Os resíduos lançados em lixões a céu aberto sem impermeabilização adequada acarretam a poluição do solo e das águas superficiais e subterrâneas pelo chorume produzido pela decomposição da matéria orgânica, além da geração de gases que causam odores desagradáveis ou contribuem ao efeito estufa, e destaca que mais de 50% dos municípios brasileiros ainda recorrem a lixões para descartarem o lixo. 

 

  • Admite-se que uma pessoa na Região Metropolitana de Fortaleza produza em média 1,7kg de RSU/dia, e considerando o índice de coleta de 85%, os descontroles existentes desde a coleta e a destinação final e os inumeráveis locais de disposição clandestina do lixo, estima-se que em realidade cada habitante na RMF produza uma média de 2,4kg de RSU/dia, o que corresponderia a 6.261,6 toneladas diárias. A RMF apresenta seis municípios com cobertura de coleta abaixo de 50% da população e 11 municípios possuem mais de 90% da população com coleta de RSU. Apenas 10 municípios possuem aterro sanitário, todos eles pertencentes às áreas de conturbação da capital Fortaleza sendo, portanto, as zonas mais industrializadas.
  • Na Bacia do rio Acaraú, o município de Sobral é o único núcleo urbano que efetua a disposição final do lixo em aterro sanitário. Apenas 11 municípios possuem índices de cobertura de coleta de lixo acima de 75% de abrangência populacional. Em nenhum município há vala exclusiva para a deposição dos resíduos infectantes dos serviços de saúde. Não há coleta diferenciada para o lixo dos estabelecimentos de saúde, os terrenos da maioria dos aterros não são impermeabilizados e não há drenagem de gases e das águas pluviais, nem tratamento do chorume como forma de evitar a contaminação dos solos, a poluição dos recursos hídricos e do ar. 
  • Na Bacia do rio Salgado, considerando que a média de produção de resíduos sólidos na região é em média 2,5 kg/hab/dia, estima-se que a produção total diária de resíduos sólidos seja de 2.263 toneladas/dia, sendo que 100% desses resíduos são destinados atualmente a lixões, a céu aberto, com a presença de animais e seres humanos convivendo diariamente, tornando-se não apenas um problema ambiental, mas também de caráter social.

  

Tipo de disposição final dos resíduos sólidos da Bacia Hidrográfica da Região Metropolitana de Fortaleza

Tipo de disposição final dos resíduos sólidos dos municípios da Bacia do Acaraú 

 Tipo de disposição final dos resíduos sólidos dos municípios da Bacia do Salgado

 Fonte: ACQUATOOL CONSULTORIA, 2016 

 

A coleta de lixo por habitante incrementou entre 2003 e 2015 em quatro vezes, o que responde tanto a uma produção de lixo maior, como a uma taxa de atendimento e coleta maior. O índice de atendimento da população pelo serviço de coleta de lixo é publicado pelo IBGE a partir do Censo 2010. Na bacia hidrográfica da Região Metropolitana de Fortaleza 83% dos domicílios têm atendimento de coleta de lixo; enquanto que nas bacias hidrográficas dos rios Acaraú e Salgado essa coleta correspondia a 74%, e 60%, respectivamente.

Considerando uma produção unitária de lixo por habitante e dia em Ceará é de 2,4 kg / hab · dia, dado estimado considerando a média de produção de resíduos sólidos, os índices de coleta, os descontroles existentes desde a coleta e a destinação final é os inumeráveis locais de disposição clandestina do lixo, obtém-se que no mínimo 630.000 toneladas / ano estão sendo jogadas no ambiente na Bacia Metropolitana, 190.000 toneladas / ano na Bacia Acaraú e 345.000 toneladas / ano na Bacia Salgado. 

O IBGE estimava em 2002 que eram gerados, no Brasil, aproximadamente 157 mil toneladas de resíduos domiciliares por dia. A edição de 2014 do relatório “Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil” (ABRELPE, 2016) apontava que o ritmo de geração de lixo no Brasil aumentou cinco vezes mais do que a população entre 2010 e 2014, alcançando a geração total de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) no Brasil em 2014 de, aproximadamente, 78,6 milhões de toneladas, sendo 215 mil toneladas por dia (+37%).

O custo da degradação ambiental por causa de lixo não coletado (jogado em lixões, rios, queimado, enterrado no terreno, ou outros) é avaliado a través do seu valor de reposição, que aqui se associa ao custo de coletar / tratar o lixo, valorado mediante a tarifa do serviço (R$ 111 / tonelada). Esse custo é reportado pelo Ministério das Cidades (SNIS, 2013).

Com base nessas hipóteses, obteve-se que o volume de resíduos totais não coletados (jogados no ambiente) se aproxima a 630.000 toneladas/ano na bacia hidrográfica da Região Metropolitana de Fortaleza, 190.000 toneladas/ano na bacia hidrográfica do rio Acaraú e de 345.000 toneladas/ano na bacia hidrográfica do rio Salgado. Isso vai dar um custo total anual dos impactos associados à deposição inadequada do lixo de aproximadamente R$ 120 milhões.

  Consultar a tabela de taxas de atendimento dos resíduos sólidos