Mudança climática

Entre 1990 e 2014 as emissões brutas de GEEs brasileiras aumentaram de 14%. A valoração econômica anual dos impactos derivados das emissões de GEE no âmbito de estudo é de R$ 310 milhões anuais, entorno a 0,3% do seu PIB.

 

Há forte evidência de que grande parte do aquecimento global é decorrente do aumento da concentração de Gases do Efeito Estufa (GEEs), principalmente o dióxido de carbono (CO2). Entre 1990 e 2014 as emissões brutas de GEE brasileiras passaram de 1,62 bilhão de toneladas de gás carbônico equivalente (GtCO2e) para 1,85 GtCO2e, um aumento de 14%. A trajetória das emissões, contudo, teve períodos distintos de crescimento e redução de emissões, superando 2,8 GtCO2e em 1995 e 3,8 GtCO2e em 2004 e caindo a menos da metade deste valor (1,76 GtCO2e) em 2012. Entre 2013 e 2014 houve uma queda de 3,8% das emissões.

Para restringir o aumento de temperatura a uma faixa entre 2ºC a 3ºC acima da temperatura da época pré-industrial, é fundamental solucionar o problema nas próximas duas décadas. O custo para evitar mudanças climáticas mais graves é estimado pelo IPCC em 0,12% do PIB global até 2030 e em até 2% do PIB mundial em 2050. 

 

Evolução das emissões brutas e líquidas de GEE no Brasil de 1990 a 2014 (Mt CO2e), incluidas emissões da mudança do uso do solo

Fonte: SEEG e Observatório do Clima, 2016

 

Emissões de GEE no Brasil exceto mudança de uso do solo-florestas 1970 - 2014 (Mt CO2e)

Fonte: SEEG e Observatório do Clima, 2016

 

Para o cálculo das emissões de GEE (CO2e) derivados das atividades econômicas estimam-se a partir dos coeficientes de intensidade de carbono setorizados, e da importância relativa desses setores ao nível municipal (indústria e serviços). Trabalha-se com dados PIB municipal publicado pelo IBGE (para 2013, último dado disponível). Aplicam-se valores de intensidade de carbono (quilos de CO2e derivados da criação de uma unidade de PIB) para cada setor da economia considerado, calculado a partir das médias nacionais. O cálculo resulta em 0,07 kg CO2e / R$ de VAB setor Serviços; e 0,19 kg CO2e / R$ de VAB setor indústria. 

Estima-se o nível de emissões de GEE nas três bacias conjuntamente em 8,6 milhões de toneladas anuais. Adotando um enfoque conservador na valoração da degradação ambiental, tomou-se o valor do preço de mercado da tonelada de CO2, estabelecido em R$ 36,04 / tn CO2e, sendo que o valor final do impacto é de R$ 310 milhões anuais.

O valor total do mercado de carbono cresceu em termos mundiais 11% em 2011, alcançando a cifra total das transações de US$ 176 bilhões (para 10,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente), conforme o relatório “State and Trends of the Carbon Market”, publicado pelo Banco Mundial. O valor de mercado deriva do conceito de crédito de carbono, que é um certificado eletrônico emitido quando um pais ou uma empresa consegue a diminuição de emissão de gases que provocam o efeito estufa, equivalendo a uma tonelada de CO2 que deixou de ser emitida para a atmosfera. Esses créditos podem vendê-los nos mercados financeiros, sendo que os créditos de carbono são considerados mercadorias negociadas com preços estabelecidos pelo mercado internacional.

Entretanto, estudos científicos indicam que o valor social das emissões de CO2 pode ser muito superior caso seja considerado os impactos diretos e indiretos que a mudança climática pode ter no território e nos cidadãos (p.e., por incremento das ocorrências de secas, inundações, subida do nível dos oceanos, entre outros). A Agência de Proteção do Meio Ambiente dos Estados Unidos (US EPA) propõe um valor social do CO2 (SC-CO2) para 2015 de US$ 36.00 (aprox. R$ 140,00 ajustado a partir do fator de PPP, aprox. R$ 76,00). Ainda, um estudo de 2012 da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) apontava um valor social do CO2 de 155,71 R$/t.

 Consultar a tabela de toneladas de CO2e derivadas das atividades econômicas