Poluição do ar
O problema das emissões de material particulado é especialmente relevante para as áreas fortemente povoadas, porque tanto os níveis de emissões quanto a população exposta são mais importantes. Entorno a 4,5 milhões de pessoas estão expostas a concentrações altas de contaminantes atmosféricos no âmbito do estudo, e o custo em termos de doenças e merma da saúde derivado dessa exposição pode situar-se entorno a R$ 180 milhões anuais.
Os efeitos à saúde relacionados à exposição à poluição atmosférica têm sido foco de estudos epidemiológicos em todo o mundo e, de modo geral, os resultados indicam associação entre essa exposição e a mortalidade e morbidade por diferentes causas, com destaque para as doenças cardiovasculares e respiratórias. O custo das mortes prematuras no Brasil inteiro resultou em US$ 1,7 bilhões anualmente e o problema é especialmente relevante nas grandes aglomerações ur-banas. Nas grandes áreas metropolitanas, as emissões são especialmente importantes por causa do tráfego viário, mas também a emissão por causa das altas densidades do povoamento. Em áreas com baixa densidade, áreas rurais, ou eixos de transporte intermunicipal o MP se dispersa e deposita como menor afetação sobre a saúde humana.
O controle da poluição por fontes móveis no Brasil iniciou-se com o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (PROCONVE) em 1986. A partir de 1995, foi estabelecido o controle da emissão de gases poluentes pelo escapamento de veículos. A diminuição das emissões de material particulado é integrada nas políticas urbanas das principais cidades do mundo como uma linha de trabalho estratégica para a melhoria do ambiente urbano, com ações tais como a limitação das emissões geradas pelos veículos, por meio da renovação da frota de veículos (o que diminui a idade média da frota), favorecendo veículos menos contaminantes (benefícios fiscais para veículos elétricos, híbridos) ou pelo uso de equipamentos ou combustíveis menos poluentes ou estimulando o uso do transporte público coletivo ou construindo espaços para pedestres e ciclistas (no marco dos planos de mobilidade sustentável). Henschel et al. (2012) analisaram 28 estudos que demonstravam que intervenções governamentais para a redução da poluição atmosférica possuem benefício direto na qualidade do ar e nos efeitos para a saúde, reduzindo a mortalidade e a morbidade cardiorrespiratória.
Na Bacia Metropolitana, as medidas de concentrações de partículas totais em suspensão mostraram que a qualidade do ar foi sistematicamente regular, com tendência de aumento na sua concentração, o que provavelmente nos dias atuais já devem apontar para um quadro de qualidade do ar inadequada. Acontecem, em menor impacto, a queima do lixo em pequenos focos ou de forma generalizada, envolvendo praticamente todos os aterros e lixões das Bacias em estudo ocorre espontaneamente. Mas também ocorre queima intencional promovida pelos catadores, como forma de facilitar, posteriormente, a retirada de metais. A poluição do ar pela fumaça da queima do lixo atinge os moradores do entorno. Na queima descontrolada do lixo ocorre a liberação para o ar de várias substâncias perigosas como dioxinas e furanos.
Miraglia e Gouveia (2014) avaliaram para o Brasil o impacto econômico global de eventos de saúde associados com a poluição do ar nas principais regiões metropolitanas da Federação. Esses autores estimaram a mortalidade atribuível às concentrações de MP em 29 regiões Metropolitanas em 20.050 óbitos. Os custos associados a essa mortalidade foram calculados por meio da metodologia DALY (Disability Adjusted Life Years) onde se contabiliza o custo de oportunidade derivado de um óbito por quanto a pessoa que morreu não vai poder produzir riqueza para a sociedade através do seu trabalho, concretamente, durante os anos referentes ao intervalo entre o momento da sua morte e a idade esperada para aposentar. O custo das mortes prematuras no Brasil resultou, de acordo com esse estudo, em US$ 1,7 bilhões anualmente.