Erosão e desertificação
As perdas derivadas da degradação das terras nas bacias estudadas, por causas da erosão, das queimadas, das práticas agrícolas inadequadas e da “artificialização” dos solos é estimada em R$ 120 milhões anuais.
O solo é um recurso natural de alta importância social, econômica e ambiental. As práticas agrícolas inadequadas e a transformação de terras de usos naturais como a floresta ou pastagens para solo agrícola ou solo urbano é responsável em grande parte pelo processo de erosão, contribuindo para a perda de solo e a baixa produtividade agrícola, além de incrementar o risco de inundações por maiores fenômenos de escorrência superficial.
- Nos solos verificados na Bacia do Acaraú, a falta de planejamento e a ocupação desordenada em áreas consideradas vulneráveis sob o ponto de vista agrícola e ambiental têm aumentado o processo de perda do solo por agentes erosivos, o qual ocorre naturalmente devido à associação do clima com os tipos de litologia, relevo, solo e cobertura vegetal. A queimada é uma prática agrícola relativamente disseminada no território da bacia do Acaraú, que se revela prejudicial à preservação do meio ambiente. Praticada para a limpeza dos terrenos, resulta em alterações nas propriedades físico-químicas e biológicas dos solos, deixando-os expostos à ação dos agentes erosivos, além de afetarem significativamente a flora e fauna da região. Outra prática comum é o desmatamento, ligada ao preparo do solo para o plantio, e a extração da lenha para fabricação de carvão, e para ser usada em larga escala como combustível por padarias e cerâmicas da região.
- As terras da Bacia do Salgado apresentam um padrão de uso e ocupação em grande parte ocu-pados para atividades agropecuárias, onde se destaca plantios de sequeiro, com técnicas de preparação do solo rudimentares, destacando-se as coivaras e queimadas, ocasionando depauperamento da fertilidade natural dos solos. Também fazem parte deste mosaico de usos e ocupações do solo, grandes espaços com plantações de cana-de-açúcar em áreas do vale do Cariri, próximo à Chapada do Araripe, ocupados por planícies aluviais. A criação de gado na região é feita de forma extensiva e não levou em consideração a fragilidade da Caatinga, principal ecossistema da região, utilizando-se de métodos ambientalmente degradadores para sua expansão e reprodução.
- Nas Bacias Hidrográficas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) a artificializacão dos solos é resultado da intensiva urbanização em virtude do parque industrial e por concentrar uma população aproximada de 3,5 milhões de habitantes. No litoral urbanizado, os efeitos da maré alta, elevam o nível das águas na região próxima à costa, dificultando o escoamento natural e agravando os efeitos das chuvas intensas. As lagoas, ao longo dos médios e baixos cursos das Bacias Metropolitanas, e seus entornos exibem profundas alterações decorrentes principalmente de intervenções antrópicas, tais como desmatamentos, aterros, lançamentos de resíduos sólidos e líquidos, além de ocupação clandes-tina. A situação é preocupante, que apresenta lagoas com redução do espelho d’água e o desaparecimento de outras.
Áreas degradadas susceptíveis aos processos de desertificação
Fonte: Programa de ação estadual de combate à deserticação e mitigação dos efeitos da seca –PAE/CE, 2010