Entre 2002 e 2008 perderam-se nas Bacias Hidrográficas de Ceara perto de 22.000 hectares de Caatinga por desmatamento. O desmatamento dificulta a regulação climática das florestas e a sua capacidade de estoque de carbono, merma economias turísticas, madeireiras e extrativas, e acredita-se já eliminou a possível descoberta de um número substancial de princípios ativos para o criação de novos fármacos.
Um estudo do Banco Mundial sobre o custo do desmatamento da Amazônia Brasileira (MARGULIS, 2003) indica os seguintes impactos socioeconômicos relevantes:
• Valor de Existência: refere-se às estimativas relativas à existência do ecossistema associadas à preservação da mata, ao seu valor ambiental. Por exemplo, os desmatamentos têm consequências sobre a desertificação, sendo que nas regiões de clima mais quente e com pouca precipitação a tendência de desertificação é alta em virtude da desidratação dos solos ocasionada pelo elevado índice de evaporação.
• Estocagem de Carbono: refere-se ao estoque de carbono de florestas. É de difícil quantificação, mas é significativo. Existem indícios ainda não comprovados de que a Caatinga possa ser mais eficiente na absorção de gás carbônico na atmosfera do que as flores-tas tropicais, haja vista, que essas últimas pro-duzem uma quantidade de CO2 mais ou menos equivalente ao que absorvem.
• Serviços de habitat e bioprospecção: refere-se a recursos genéticos e medicinais, isso é à possibilidade de que a biodiversidade da floresta permite a descoberta de fármacos e seus princípios ativos para o avanço da medicina.
• Valor de uso direto em atividades econômicas declinantes: refere-se ao ecoturismo, ao extrativismo madeireiro, ao extrativismo não-madeireiro.
A valoração unitária dos serviços ambientais das matas (R$ por hectare/ano) apresenta na literatura valores bastante diversos, tipicamente baseados em valorações contingentes onde se identifica a disposição a pagar das pessoas pela preservação de espécies e sítios naturais. De forma generalizada, as valorações contingentes tendem a superestimar o valor que as pessoas pagariam se finalmente tivessem que investir, neste caso para preservar a mata. Groot et al. (2012) dão uma visão geral dos valores dos serviços ecossistêmicos de 10 principais biomas, expressos em unidades monetárias. Foram utilizados valores monetários das florestas em Int. $/ha/ano, sendo o valor dos serviços fornecidos por uma hectare entorno a R$ 900 anuais.
O desmatamento elevado no bioma Caatinga vem gerando processos de desertificação em diversas áreas, alterando diretamente a biota, o microclima e os solos, sendo fundamental o desenvolvimento de técnicas de pesquisa capazes de incorporar informações que identifiquem o estado dos recursos naturais, apontando os seus relacionamentos e alguns caminhos a serem tomados para uma intervenção eficiente com o objetivo de gerar a recuperação e o aproveitamento sustentável das terras nesse ambiente. O valor económico dos serviços que já foram perdidos e não vai poder ser fornecidos estima-se em R$ 1.250 milhões anuais nas Bacias do Ceara só.