
COORDENADORA-GERAL DO PDS_LITORAL FALA SOBRE AS PRÓXIMAS FASES DO PLANO
O Plano para o Desenvolvimento Sustentável do Litoral do Paraná, o PDS_Litoral, está sendo realizado desde o início de 2018, abrangendo os municípios de Antonina, Guaratuba, Guaraqueçaba, Matinhos, Morretes, Paranaguá e Pontal do Paraná e tem previsão de conclusão para o primeiro semestre de 2019. Apoiado financeiramente pelo Banco Mundial (BIRD), o PDS_Litoral é elaborado pelo Consórcio Litoral Sustentável, que reúne empresas nacionais e internacionais para realizar o Plano. São elas: Barcelona Brasil Group, Mcrit, Hidria Ciencia Ambiente y Desarrollo S.L e Quanta Consultoria Ltda.
Para subsidiar a elaboração do Plano, uma equipe de especialistas vem realizando estudos e levantamentos de informações sobre questões de meio ambiente, turismo, logística, infraestrutura, saúde e segurança.
A coordenadora-geral do Consórcio, Judith Muntal, do Barcelona Brasil Group, conta um pouco das suas impressões sobre a região e quais as próximas etapas do PDS_Litoral.
O cenário do litoral paranaense é desafiador?
Com certeza. É desafiador por vários motivos. A construção de um plano com uma visão regional que envolve vários municípios já é, por si, um desafio. Além disso, o litoral do Paraná apresenta particularidades que ainda supõem um maior desafio como a elevada porcentagem de unidades de conservação e a convivência com projetos de investimento e, ainda, interferências externas à região, como, por exemplo, a economia e a situação política do Brasil que tornam o cenário do litoral paranaense ainda mais desafiador. É um momento de mudanças e evoluções. Apesar da diversidade dos municípios e seus diferentes anseios, sentimos que a região pode se articular por um eixo comum. Trabalhar com esse território tem sido bastante enriquecedor para toda a equipe.
Qual o maior desafio do Plano?
Definir uma visão, ou seja, o que o território quer ser no futuro é um desafio, pois envolve várias pessoas, várias instituições e inúmeros pontos de vista. Também é necessário ter um bom conhecimento sobre a realidade da região para ser capaz de definir uma visão de futuro. E é a partir dessa visão que é possível estabelecer planos de ação. Por isso é muito importante que as decisões sejam tomadas coletivamente de forma que os resultados do Plano sejam acordados e compartilhados pelos atores da área. Contamos com a participação da população, com várias entidades, secretarias do governo estadual e com órgãos que abrangem todo o território.

A coordenadora-geral do Consórcio Litoral Sustentável, Judith Muntal.
Considerando a sua experiência internacional, como uma visão externa pode contribuir para o desenvolvimento do Plano?
Os problemas enfrentados na região são muito comuns em regiões litorâneas. Sempre há divergências entre as questões ambientais e aquelas voltadas à logística e à economia, por exemplo. A interação dos profissionais estrangeiros com os nacionais é enriquecedora, pois conseguimos utilizar boas práticas de trabalhos já realizados na Europa e em outras regiões do Brasil. Com isso trazemos um know-how que pode ser transferido para o PDS_Litoral. Essas experiencias ajudam, mas não é uma questão de replicar. Deve se considerar que cada projeto é distinto e cada região tem características específicas, porém todo o conhecimento prévio que temos ajuda na solução de problemas e no desenvolvimento das potencialidades do litoral.
Qual a importância da participação das pessoas?
É um fator essencial para a elaboração do Plano, pois envolve vários níveis. Por isso foram estabelecidas as Equipes de Acompanhamento, envolvendo universidades, ONGs e entidades da sociedade civil. Serão realizadas oficinas com os participantes das Equipes de Acompanhamento nas entregas de todos os produtos, antecedendo as Audiências Públicas, que serão abertas para toda a sociedade.
Também estamos fazendo escutas com as comunidades tradicionais para envolver essa população que, muitas vezes, não se sente à vontade para participar dos eventos do Plano. Além da participação social, com as Equipes de Acompanhamento, escutas e audiências, o Plano também conta com vários representantes das secretarias do governo na Equipe Técnica de Acompanhamento.
Quais são os próximos passos do PDS_Litoral?
As primeiras etapas foram mais voltadas à sensibilização das pessoas e também focadas no diagnóstico e relatório de contextualização, para identificar a situação ambiental, do ordenamento territorial, da educação, saúde, segurança, logística, etc. Foi um trabalho longo, pois o levantamento de informações foi bem abrangente. Na sequência, todo o estudo será passado para a população para ser discutido e revisado nas oficinas e audiências. Após esse período, entraremos na fase mais estratégica e criativa do Plano, que é a definição da visão regional e a proposição de cenários para a posterior elaboração do plano de ação.
Como você vê o que irá acontecer após o PDS_Litoral? Quais os benefícios que ficarão para a população?
O resultado que esperamos do PDS_Litoral vai muito além da elaboração do Plano. Essa metodologia de trabalho envolvente e participativa está fazendo com que o Plano sensibilize as pessoas que muitas vezes não interagiam entre si. Essa é uma parte importante do Plano que, além da elaboração do plano de ação, está construindo fluxos de comunicação. O trabalho conjunto que está acontecendo se constitui como base para uma governança futura e para um novo patamar de colaboração entre os vários atores da região. E isso é essencial para que o PDS_Litoral saia do papel.