A CONSERVAÇÃO COMO FORMA DE PRODUÇÃO
Berço da colonização paranaense, o litoral é um local repleto de cultura e histórias espalhadas pelos seus 98 km de extensão. A baía de Paranaguá, terceira maior em importância do país, pelo seu estuário lagunar, famosa pelo berçário de uma grande riqueza de espécies da fauna, flora entre outros organismos, é parte de um território declarado pela Unesco como reserva da biosfera. Apesar desses pontos positivos, pouco é aproveitado dos atrativos regionais. Desde o início de 2018, o Plano para o Desenvolvimento Sustentável do Litoral do Paraná, o PDS_Litoral, vem reunindo informações e trocando experiências com outros especialistas para a criação de cenários futuros para a região, buscando o fortalecimento e crescimento dos sete municípios litorâneos e de toda a população que neles vive, nas áreas urbanas, rurais e nas ilhas.
Como parte do processo de troca de informações, no último dia 28 de agosto, os representantes do PDS_Litoral, Taco Roorda, Mauricio Maas e Patricia Casal Rodriguez, se reuniram com o biólogo e diretor de conservação da The Conservation Land Trust, Ignacio Jiménez Pérez, que abordou sua experiência em trabalhar, desde 2006, com áreas de preservação na Argentina, o que resultou no projeto Iberá. Segundo Pérez, “Com o processo de urbanização e o aumento do poder aquisitivo da população urbana, que vem se acentuando no século 21, os parques vêm ganhando cada vez mais importância pelas experiências naturais e alternativas à vida das cidades que eles proporcionam”. Esse fato contribui para uma mudança de paradigma: passar da imagem dos parques como áreas de conservação para a ideia de áreas de produção, que possuem uma clientela em franco crescimento. Ignacio explica que “não se trata apenas de benefícios ambientais, como captura de carbono, mas da geração de trabalho, renda e melhorias sociais a partir do ecoturismo”.
O litoral do Paraná tem um potencial enorme. Para Pérez, é preciso se desafiar e ir além. “A região possui uma vasta gama de atrativos, falta apenas criar uma marca territorial que convença o mundo, traçar uma rota e uma narrativa que unifique os atrativos. Com isso, haverá um impacto econômico em toda a região, que poderá receber ainda mais visitantes de diferentes partes do mundo, que gastarão dinheiro com hospedagens, alimentação, entre outros. As mudanças sociais também terão reflexo positivo na autoestima dos habitantes do litoral, criando um movimento de esperança e perspectivas de novas oportunidades. Essa ideia busca articular valores globalizados e valores locais, de forma a propiciar uma nova consciência e aumentar os impactos positivos da iniciativa.”
Ao se discutir sobre os obstáculos a serem enfrentados para se implantar essa nova concepção, Ignacio Jiménez Pérez destaca que a divulgação da marca e dos produtos turísticos funciona como um eixo indutor, pois o aumento progressivo da visitação decorrente dessa ação cria uma demanda de melhoria da infraestrutura, dos serviços e do receptivo como um todo, formando um círculo virtuoso.
Sobre o PDS_Litoral
Apoiado financeiramente pelo Banco Mundial (BIRD), o PDS_Litoral está sendo elaborado pelo Consórcio Litoral Sustentável, que reúne empresas internacionais e nacionais para realizar o Plano. São elas: Barcelona Brasil Group, Mcrit, Hidria Ciencia Ambiente y Desarrollo S.L e Quanta Consultoria Ltda. Os especialistas dessas empresas participaram de reuniões com atores regionais e locais, bem como com as Secretarias Estaduais do Governo do Paraná, que acompanharão todo o processo até o início de 2019. O Plano é gerenciado por Marina Bastos, da Quanta Consultoria Ltda., e Judith Muntal, representante do Barcelona Brasil Group.
